Tudo sobre partículas de toner

TUDO SOBRE PARTÍCULAS DE TONER

05/11/2009

Tudo o que você queria saber sobre partículas de toner e ninguém conseguia explicar…

Eng. Cássio Rodrigues

Para facilitar aos recondicionadores na hora da compra e negociação, bem como melhorar o entendimento de uma das matérias primas mais importantes para recondicionar um cartucho a laser, elaborei este guia prático, contendo todas as nomenclaturas existentes no ramo.

 Além destas nomenclaturas, aproveito para lembrar que o toner é um material frágil e sensível ao calor e luz, devendo ser armazenado em local seco, fresco, entre 15°C e 35°C, longe do abrigo de luz e fontes de calor. Armazenar os frascos em locais úmidos e principalmente quentes, certamente irá desestabilizá-lo, podendo até mesmo apresentar empedramento.

 Podemos definir um toner por sua composição química, por seu processo de fabricação, por sua resina de fusão, por sua característica de partícula, coloração, polaridade e utilização. Abaixo estão descritas, de forma resumida, estas características.

Ilustração 1 – Tecnologia Colorsphere® da HP, mostrando a evolução dos toneres coloridos:
1998: HP4500; 2001: HP 2500; 2005: HP 2600; 2008: HP 12151

 Quanto à sua matéria-prima

 As partículas de toner são um agregado de matérias-primas, como Polímeros, que são responsáveis pelo transporte de pigmentos e a fusão/fixação dos pigmentos no substrato, Pigmentos, que convertem os traços dos polímeros em imagens visíveis, Magnetita, que é responsável pelo controle de toner e de fundo, agentes de controle de carga, responsáveis pelo controle de polaridade, nível e proporção de carga, ceras, que agem para misturar os agentes químicos e substituição do óleo fusor, e finalmente os aditivos externos, responsáveis pelas estruturas químicas e físicas complexas, e fluxo e aderência do toner.

  1.  
    1. Ferroso
      1. Pigmento: Negro de Fumo ou pigmentos coloridos
        1. Responsáveis pela coloração do pó de toner
      1. Agente transportador de carga: Cerâmica ou sílica
        1. Responsável pelo armazenamento da carga eletrostática e triboelétrica das partículas de toner
        1. Responsável pelo transporte de toner desde o rolo magnético de revelação para o OPC e posteriormente para a folha
      1. Agente fusor: Resinas
        1. Responsável por fixar permanentemente as partículas de toner na folha de papel, após a passagem pelo fusor da máquina
      1. Agente de revelação: Óxido de ferro (Magnetita)
        1. Responsável por retirar o toner do reservatório de toner, disponibilizando-o para o OPC
      1. Agentes de brilho: Ceras
      1. Usado em cartuchos dotados de rolo revelador magnético (com ímã);
    1. Cerâmico HP coloridos e outros
      1. Pigmento: Negro de Fumo ou colorido
        1. Responsáveis pela coloração do pó de toner
      1. Agente transportador de carga: Cerâmica
        1. Responsável pelo armazenamento da carga eletrostática e triboelétrica das partículas de toner
        1. Responsável pelo transporte de toner desde o rolo de revelação para o OPC e posteriormente para a folha
      1. Agente agregador na fusão: Resina
        1. Responsável por fixar permanentemente as partículas de toner na folha de papel, após a passagem pelo fusor da máquina
      1. Agentes de brilho Ceras
      1. Usado em Lexmark, Samsung, Brother, HP coloridos
    1. MICR
      1. “Magnetic Ink Caracter Recognition”
      1. Toner usado em impressão de documentos de segurança, como cheques ou boletos, que podem ser lidos por um leitor magnético
      1. Carrega uma carga extra de óxido de ferro, residual na impressão.
      1. Pode ser para máquinas HP e Lexmark, respeitando suas características individuais.

 Quanto à sua Mistura

  1.  
    1. Bi-componentes
      1. Agregam todas as partículas
    1. Mono-componentes
      1. Usam os chamados “Reveladores”, partículas de ferro acondicionadas em reservatórios separados
      1. Copiadoras Xerox são o melhor exemplo desta tecnologia

 Quanto às resinas (agente agregador na fusão)

  1.  
    1. Estireno-Acrilato (acrílico)
      1. Resina usada em cartuchos mais antigos;
      1. Usado em larga escala, por mais de 40 anos, até o advento das resinas à base de poliéster, em meados de 2001;
      1. Temperatura de fusão perto de 85°C;
      1. Partículas mais duras;
    1. Poliéster
      1. Resina usada em cartuchos mais novos;
      1. Temperatura de fusão perto dos 75°C;
      1. Partículas mais macias;
      1. Menor geração de gases tóxicos (compostos orgânicos voláteis);
      1. Maior vida em estoque;
      1. Menor desgaste das peças internas, como OPC e lâmina limpadora;
      1. Usado em máquinas de maiores velocidades e máquinas mais recentes (após 2001);
      1. Atualmente todos os cartuchos saem de fábrica com toneres à base de poliéster;

A utilização de um pó que não seja o específico, neste caso, pode trazer ao usuário conseqüências desagradáveis como toner se soltando da folha após a fusão, maior desgaste das peças internas, menor rendimento e menor qualidade de impressão.

Um toner de poliéster, se bem formulado, pode substituir os toneres de estireno-acrilato, porém o inverso não é aplicado, ou seja, um toner à base de acrílico

 Quanto ao processo de fabricação

  1.  
    1. Moagem (Toner Convencional)

O material (resinas, pigmentos, ceras e magnetita) é aglomerado, fundido, extrudado, resfriado e moído, para depois ser classificado e finalmente ter os aditivos externos agregados. 

Ilustração 2 – Partícula de toner convencional2

  1.  
    1. Pulverização

Fluxo pastoso de material é submetido à jato de ar a alta velocidade, para que então seja reduzido a partículas mais arredondadas, posteriormente sendo classificada em um leito magnético 

Ilustração 3 – Toner Pulverizado3 

  1.  
    1.  
      1. Partículas, em sua maioria, compostas de poliéster, com formatos mais arredondados;
      1. Atualmente a maior parte dos cartuchos fabricados usa este tipo de toner, excetuando-se os que usam materiais produzidos por processos químicos;
      1. Samsung CLP-300 colorido usa toner convencional e partículas arredondeadas;
    1. Químico ou polimerizado

Os materiais são colocados em suspensão em um solvente (resinas, pigmentos e outros ingredientes), para que, depois da adição de um polimerizante e um controle rígido das reações, termos partículas esféricas. Posteriormente o toner é lavado e seco, onde finalmente é classificado por atomização e segue para a adição dos aditivos externos, como agentes de carga e sílicas.

  1.  
    1.  
      1. Partículas construídas dentro de um reator químico por meio de uma reação entre gases;
      1. Partículas esféricas;
      1. Melhor assentamento das partículas nos reservatórios;
      1. Menor volume nos reservatórios de toner;
      1. Menor desgaste dos rolos de revelação;
      1. Menor quantidade de toner na folha de papel;
      1. Menor geração de lixo;
      1. Todos os cartuchos da nova geração da HP são carregados com toneres químicos;
      1. Coloridos HP 2600 e mais novos – usam químicos e não ferrosos;
      1. HP monocromático, a partir do CB435 e CB436 (P1005 e P1505) usa toneres químicos e ferrosos;

A clara evolução do processo de fabricação de toner traz a nosso Mercado uma barreira mais difícil de ser transposta, uma vez que a utilização de toneres convencionais em cartuchos que são construídos para usar os pós químicos pode trazer graves conseqüências ao usuário, como coloração extremamente fraca e principalmente vazamento nas impressoras.

Como não usam petróleo em seu processo de fabricação, os toneres químicos produzem imagens mais reais, devido à menor utilização de partículas na folha, as impressões possuem qualidade tão boa quanto impressões em off-set.  

Ilustração 4 – Partículas de toner: acima , uma partícula esférica, criada por um processo convencional, e uma partícula criada por processo químico.4 

Ilustração 5 – Diferenças entre o toner polimeriçado (esq) e convencional (dir), com as partículas em perfil. 

O desenvolvimento das partículas esféricas e químicas trouxe, principalmente à HP, a capacidade de desenvolver cartuchos cada vez menores, e por conseqüência, impressoras cada vez menores.

Ilustração 6 – Processo de fabricação de nanopartículas
Mistura; Dispersão, Condensação e Separação5

 Quanto à sua polaridade

  1.  
    1. Partículas negativas
      1. Usadas em HP, Lexmark, Canon, Samsung;
    1. Partículas positivas
      1. Usadas em Brother;

O sistema de criação de imagem trabalha todo com geração de cargas positivas, de maneira inversa aos toneres convencionais.

 Quanto à sua utilização

  1.  
    1. Universal
      1. Normalmente criado para um único modelo, porém pode ser usado, com relativo sucesso, em vários modelos, respeitando as diferenças entre as marcas, polaridade do pó, presença de revelador e em alguns casos, velocidade.
      1. Sua utilização pode prejudicar características como coloração, fixação no papel após sua fusão e geração de lixo.
      1. Ex: Universal HP Baixa, Universal Lexmark alta, Universal Samsung baixa…
    1. Específicos
      1. Cada modelo com seu pó específico. As características de impressão, como capacidade de fixação do pó na folha, rendimento, geração de lixo, intensidade de cor e desgaste de peças internas do cartucho são maximizadas.

A decisão quanto à sua compra cabe sempre ao usuário final, porém, convido o leitor a fazer contas. Muitas vezes a somatória das características perdidas com a utilização do pó universal não compensa o mais alto custo dos pós de toner específicos. Talvez aqui o único diferencial de compra seja o menor investimento em estoque de material, o que também não representa muito no montante total investido, uma vez que o pó de toner representa em média 5% do custo total de um cartucho recondicionado.

 Quanto à sua coloração

  1.  
    1. Normal
      1. Coloração, rendimento e geração de lixo semelhantes aos originais;
    1. Gráfico
      1. Toner mais negro e com maior fechamento, usado teoricamente em impressão de papel vegetal, por gráficas, para criação de fotolitos;
      1. Composto por partículas mais escuras e maiores, na prática usado para esconder falhas nos sistemas de alimentação de pó (rolo magnético, lâmina dosadora e OPC);
      1. Maior desgaste das peças internas
      1. Maior quantidade de lixo gerado
      1. Menor rendimento (até 30% inferior)
      1. Em alguns casos pode apresentar deficiência grave em impressão de traços finos e cores claras.

 O stress gerado com os clientes pelos problemas causados pela utilização de toneres com características diferentes das originais vêm mantendo nosso Mercado com sua ainda pequena fatia frente ao Universo de cartuchos que podem ser recondicionados.

Sabemos que os fabricantes de pó vêm se esforçando para conseguir toneres cada vez melhores, com suas características mais próximas que os originais, e certamente estes disponibilizam para aquisição seus pós específicos. Cabe então a nós, recondicionadores, adquiri-los e usá-los, pois só assim conseguiremos atingir níveis de qualidade que nos permita competir com nosso maior concorrente: o fabricante de cartuchos originais, e de quebra, melhorar nosso faturamento.

Pense nisto antes de comprar sua próxima garrafa de toner.

 Bibliografia consultada para este artigo:

Site HP Brasil – Site HP Estados Unidos – Site Samsung – Site Konika-Minolta

Site Océ – Simitri Toner – “Grow your own Toner Particles”; Edward Heng, nov. 2007 – “Nanosphere Process and Technology” – Nanosphere Process and Technology Laboratory

“Toner; Convencional, TTT, Químico”, Enrique Stura, Uninet Imaging, out. 2008

 O Instituto Cássio Rodrigues foi fundado em 2006, pelo Eng. Cássio Rodrigues com o intuito de estudar, profissionalizar, qualificar e melhorar o mercado de remanufatura.

Seu Fundador, após 13 de experiência no ramo e verificando os motivos porque tantas empresas têm dificuldades em manter os padrões de qualidade aliados a falta de conhecimento não apenas no que se refere a questões técnicas, mas também, comercialização, fornecimento, logística e conhecimentos de marketing, criou o instituto onde o aluno encontra soluções para gerar um verdadeiro crescimento e lograr sucesso profissional. O mercado está mais exigente onde sobreviverão somente os melhores.

Contatos pelo e-mail: atendimento@cassiorodrigues.eng.br

1 Toneres Colorsphere: Fonte: Site HP Estados Unidos

2 Micrografia – site HP – 3 Copyright: Simitri toner

4 Grown your Own Toner, Edward Heng

5 Copyright © 2002 Nanosphere Process and Technology Laboratory

Publicação autorizada pelo autor e pelo editor da revista.